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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Em defesa do Prabhãva

Acabo de ler Um manifesto em defesa da comida, de Michael Pollan, e estou em êxtase. O Pollan é um repórter que investiga a fundo o mundo da ciência da Nutrição e tem a coragem de questionar tudo aquilo o que a ciência vem decretando como verdade absoluta a respeito dos alimentos. Sou uma apaixonada estudante de Nutrição. Mas, como me apaixonei antes pela Nutrição Ayurvedica, sou levada a reconhecer diariamente que a ciência ancestral da Índia é muito mais abrangente e coerente do que todos os cientistas do mundo juntos.

Pollan descreve a evolução da Nutrição ao longo dos últimos séculos e faz uma afirmação que me parece muito coerente: os cientistas estudam o que os cientistas conseguem enxergar.

Ele aponta uma falha imperdoável na ciência: a cada descoberta científica, uma nova lei alimentar é decretada por cientistas, pelos governos e pela indústria, e repassada para as populações. A história mostra que a interpretação dessas descobertas esteve equivocada em diversas situações como, por exemplo, quando se decretou a “morte” da manteiga que foi substituída pela margarina (um óleo vegetal hidrogenado, supostamente benéfico para o coração e que hoje é comprovadamente maléfico para esse órgão vital).

A Ayurveda, há mais de 3.000 anos, nos ensina que os nutrientes não podem ser retirados do contexto do alimento, o alimento do contexto da dieta e a dieta do contexto da vida. Os alimentos são muito mais do que a soma dos seus ingredientes reconhecidos cientificamente, e que o todo é mais do que a soma das partes.

A história dos grãos refinados se apresenta como uma parábola sobre os limites da ciência quando aplicada a algo tão complexo como os alimentos. Há anos os nutricionistas sabem que uma dieta rica em grãos integrais reduz o risco de diabetes, doenças do coração e câncer. Diferentes nutricionistas creditam os benefícios dos grãos integrais a diferentes nutrientes: à fibra do farelo, ao ácido fólico e às outras vitaminas do complexo B do germe, aos antioxidantes ou vários minerais. Em 2003, o American Journal os Clinical Nutrition publicou um estudo inusitadamente reducionista demonstrando que nenhum desses nutrientes sozinho pode explicar os benefícios dos cereais integrais: a típica análise redutiva de nutrientes isolados não conseguia explicar a melhor saúde de quem comia cereais integrais. A Ayurveda reconhece Isso como Prabhãva.

O Prabhãva define algumas qualidades sutis e específicas dos alimentos, que transcendem as suas especificações químicas e que são “inexplicáveis” (acintya). Ele pode ser chamado de “a potência especial” ou a “consciência inteligente” dos alimentos e ervas. Ele é único em cada ingrediente e reflete as propriedades ocultas dos alimentos e ervas, a sua capacidade de afetar a mente e o organismo num nível sutil, e sua afinidade por um órgão específico do corpo ou por uma doença em particular.

A Ayurveda investiga os componentes ocultos dos alimentos e não se limita a nenhuma teoria materialista ou química. Ela aceita e respeita o conhecimento químico, compreendendo as limitações desse sistema e o usando como um guia, não como um sistema de regras rígidas.

O livro do Pollan é Ayurveda pura embora, talvez, ele não saiba o que isso significa. É leitura obrigatória para quem deseja se aprofundar na Nutrição com base na Ayurveda.

Namaste

Um comentário:

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