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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O primeiro broto a gente nunca esquece

Olá amigos.
Vou começar aqui uma seqüência de posts sobre brotos germinados (a paixão gastronômica da vez). Era para ser um post rapidinho, mas, uma surpresa mudou um pouco o curso dessa estória.

As sementes dos grãos são consideradas sagradas pelas culturas ancestrais. Cada grão carrega a potência de um ser, sendo fonte energética para a geração de milhares de sementes.

Depois de ler esse primeiro parágrafo, logo temos a vontade de consumir os brotos germinados e ganhar toda essa energia “de brinde”. Mas, a seqüência do texto diz o seguinte: por serem fontes de novas vidas, os grãos não deveriam ser germinados para benefício energético de apenas uma pessoa. Não é auspicioso germinar grãos porque, quando eles germinam e não são semeados na terra, perdem a sua capacidade de florescer e de produzir muitas outras sementes...

Well, precisei de um tempo para me recuperar porque ainda não tinha observado essa aspecto da germinação. A minha conclusão budista do assunto foi a seguinte:

Vivemos numa era em que precisamos ingerir os alimentos mais energéticos, pois, o nosso estilo de vida nos drena energia o tempo inteiro. Além disso, temos tecnologia para gerar grãos para satisfazer a fome de toda a população mundial (não o fazemos, mas, temos capacidade técnica para tal). Decidi, pelo aspecto nutricional, continuar consumindo os grãos germinados, mas, tenho a consciência de que eles são um milagre, um grande presente da natureza. Eu costumo reverenciar todos os alimentos, mas, os brotos estão numa categoria mais elevada, que precisam de uma dose a mais de reverência. A oração que faço às refeições é da linha budista do monge Thich Nhat Hanh e pode ser usufruída por qualquer pessoa, de qualquer credo pois não se trata de religião, e sim de consciência.

“Este alimento é presente de todo o Universo. Ele veio da terra, do céu, de numerosos seres vivos e de muito trabalho árduo.

Que possamos comê-lo em plena consciência e com gratidão a fim de sermos dignos de recebê-lo.

Que possamos reconhecer e transformar nossas formações mentais não saudáveis, principalmente nossa ganância, e aprendermos a comer com moderação.

Que possamos manter nossa compaixão viva através de uma alimentação que alivie o sofrimento dos seres vivos, preserve nosso planeta e reverta o processo de aquecimento global.

Aceitamos este alimento para que possamos nutrir nossa irmandade, fortalecer nossa sangha (comunidade) e cultivar nosso ideal de servir a todos os seres”.

(THICH NHAT HANH)

A minha primeira experiência foi com grãos de Moyashi, aquele feijãozinho japonês de grãos verdinhos e pequenos. Veja na foto a diferença dele cru e germinado.

Foi muuuuuuito fácil germinar os grãos. Isso não requer prática, nem habilidade, só um pouco de atenção. E olha que o meu feijão estava bem velhinho, quase passando da validade.

Passo a passo:

Cate os grãos para remover as pedrinhas, casquinhas ou sujidades que não vão germinar e possam contaminar os brotos;

Lave os grãos em água corrente e deixe-os descansar submersos em água fria de 8 a 10 horas. Esse recipiente pode ser coberto com um filó ou tecido de algodão e também pode ser deixado na geladeira para que os grãos não fermentem durante o molho (principalmente no calor). Eu não os deixei na geladeira porque só aprendi esse truque depois dos brotos prontos...;

Depois do molho, lave os grãos e coloque-os úmidos num recipiente não metálico e deixe-os cobertos, em contato com a claridade (não com o sol direto). De 3 a 6 horas deve ser possível perceber os brotos começando a se formar. Eles são uns bebezinhos, é muito gratificante vê-los brotando!;

Molhe os grãos 2 vezes por dia, sem deixar a água ficam empoçada no fundo do vasilhame;

Dependendo do clima e da luminosidade, os brotos devem estar prontos para consumo em uns 3 dias. Não deixe as folhas ficarem muito verdes, é melhor parar o processo de germinação enquanto as folhas estiverem bem branquinhas.

Guarde-os na geladeira e consuma em até 1 semana. Divirta-se adicionando os brotos às saladas, refogados, sopas, sanduíches, sucos, etc.

Hoje estou começando a germinar grão-de-bico. Na próxima semana já devo ter uma boa foto deles.

Namaste.

Referências:

TIWARI, Maia. A life of Balance. Healing Arts Press, Vermont, 1995.

LENG, Vikki. Earthly delights. Harper Collings Publisher, Austrália, 1994.


Um comentário:

  1. Marise, linda a oração, como tudo Thich Nhat Hanh escreve, obrigada por compartilhar, não sabia , aqui em casa procuro uma alimentação saudavel para todos.

    Beijos

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